Digitalizando a Política: Redes Sociais, Memes e a Transformação do Jogo Eleitoral
- Ana Vitória Dumbá
- 27 de nov. de 2023
- 3 min de leitura

Que o digital veio para revolucionar já é conversa batida. Todos já sabemos disso. A internet adentrou nas nossas vidas pessoais e profissionais. Tudo hoje é digital. Nos comunicamos com nossos amigos, amores, chefes, familiares e representantes. Isto é, a internet tornou-se meio de interação social e exercício da cidadania. A participação política, antes limitada por barreiras geográficas e institucionais, encontra agora uma nova expressão nas redes sociais de forma que a voz individual é amplificada, permitindo que cidadãos comuns se tornem agentes ativos na construção de agendas sociais e políticas.
Adentrando no universo das campanhas, as redes sociais permitem que o candidato estabeleça vínculos a partir da transmissão de mensagens sem interferência de terceiros, como a mídia tradicional, e constroem uma relação mais próxima e pessoal com o público. Esse tipo de interação direta pode ser peça-chave para conquistar a confiança.
Eleitores se conectam (e votam!) em pessoas.
Na internet, os candidatos têm a oportunidade de se mostrar como indivíduos reais, compartilhando não apenas suas posições políticas, mas também aspectos pessoais de suas vidas. Tornando o candidato “gente como a gente”.

Além disso, os eleitores não apenas consomem informações passivamente, mas também interagem, comentam, compartilham e até mesmo produzem seu próprio conteúdo. Os memes políticos, por exemplo, tornaram-se uma forma eficaz de disseminar mensagens políticas de maneira envolvente e atrativa.
Um meme pode ser conceituado, segundo pesquisadores da área, como um artefato cultural, muitas vezes na forma de uma imagem, vídeo, frase ou conceito, que se propaga e se adapta rapidamente por meio da internet, incorporando elementos de humor, sátira, paródia ou referências culturais.
Pablo Nobel, consultor de comunicação da campanha de Milei, em entrevista ao G1, afirmou que as redes sociais e os memes foram a “ponta de lança” e cruciais para a vitória na disputa pela presidência argentina.
Os memes são utilizados também para caçoar do adversário, antes, durante e depois de uma eleição. Quando o ex-presidente Jair Bolsonaro não foi reeleito em 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso foi abordado por manifestantes em Nova York ao realizar uma viagem com sua família. A reação dele culminou na icônica frase “perdeu, mané, não amola” que foi utilizada por apoiadores de Lula após o resultado das votações.
Mas Bolsonaro e seus aliados, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Cleitinho (PL-MG) não ficaram por baixo na batalha dos memes. Eles foram (e são) especialistas em produzir conteúdos online e conquistar engajamento na internet.
Apesar de o presidente apoiado por Nikolas não ter sido eleito, o deputado segue com posicionamentos firmes ao transmitir para os eleitores as suas bandeiras e leituras do jogo político. Assim, na condução do seu mandato mantém a comunicação com o eleitor de forma constante e não apenas em épocas de eleição.
Os memes também tem o poder de simplificar mensagens complexas de maneira acessível. Ao condensar a mensagem em formatos visuais e humorísticos, tornam a informação mais digerível e fácil de assimilar, permitindo que eleitores compreendam e disseminem com mais agilidade.
Como no caso do post compartilhado no perfil do vice-presidente do Brasil Geraldo Alckmin (PSDB-SP) que, aliás, consegue dialogar de maneira simples nas suas redes. Esse é um desafio constante para os “políticos de profissão” que estão na vida pública há muitos anos e buscam adequar-se à nova linguagem sem parecer cringe. Nessa publicação específica, Alckmin, ou melhor, a sua assessoria de comunicação, trata de um assunto complexo como a crise climática, mas com um tom humorístico.
Assim, na interseção entre a política e o digital, o Facebook, Twitter, Instagram, TikTok e WhatsApp emergem como arenas de debate de ideias. Estes espaços virtuais, redefinem a maneira como as campanhas são pensadas e executadas.
Ou seja, na era da internet, a presença nas redes sociais não é apenas uma opção, mas um imperativo para candidatos que buscam estabelecer conexões significativas com os eleitores.
A relevância das redes transcende a mera exposição mediática, abrindo portas para um engajamento mais profundo, uma comunicação mais acessível e consequentemente, uma disputa vitoriosa.
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